
Homem com H é uma cinebiografia de Ney Matogrosso dirigida por Esmir Filho e estrelada por Jesuíta Barbosa. Estreou nos cinemas em 1º de maio de 2025 e, desde então, vem conquistando público e crítica. A produção estreou no Brasil e encerrou o Festival de Cinema Brasileiro de Paris em maio. Pouco depois, alcançou mais de 620 mil espectadores nos cinemas e entrou no catálogo da Netflix em 17 de junho de 2025, disponível em cerca de 190 países.
Uma Trajetória Intensa e Cheia de Desafios
O filme acompanha a vida de Ney desde a infância até sua consagração artística. Ele nasce em Bela Vista (MS), em uma família conservadora. Desde cedo, enfrenta preconceito em casa, especialmente do pai militar interpretado por Rômulo Braga, que queria um filho “virasse homem”, um conflito que obrigou Ney a lutar por sua identidade e liberdade .
Posteriormente, Ney migra para São Paulo e se torna vocalista do grupo Secos e Molhados, ao lado de João Ricardo e Gérson Conrad. Com visuais ousados, performances intensas e uma proposta teatral única, o grupo explode nacionalmente e desafia tabus sob a ditadura militar.
Voz, Corpo e Performance: A Essência de Ney Matogrosso
Logo de início, o título do filme remete à música Homem com H, e essa escolha não é casual. A canção, que abre o longa, traz em sua letra uma ironia potente: Com H eu sou muito homem. Mais do que uma simples frase, ela desafia os conceitos tradicionais de masculinidade, deixando claro, desde os primeiros minutos, a coragem transgressora do artista. Assim, a música não apenas introduz a obra, mas também estabelece seu tom de afirmação identitária.
Por outro lado, a direção não se contenta em explorar apenas a sexualidade e a persona performática de Ney. Através de uma fotografia cuidadosa, ela alterna entre cenas eletrizantes de shows e imagens serenas da natureza, criando, assim, um diálogo visual. Longe de serem meros cenários, esses elementos naturais transformam-se em metáforas da essência selvagem e indomável do artista. Ou seja: enquanto os palcos revelam sua potência performática, a natureza expõe sua alma livre.
Atuações Que Marcam Época
Jesuíta Barbosa incorpora Ney com intensidade visceral. Sua entrega em cena faz o público esquecer o ator, enxergando apenas Ney. A atuação impressiona pela expressividade do corpo, da voz e do olhar .
Em contrapartida, Hermila Guedes (Beíta) e Carol Abras (Yara) representam figuras maternas e afetuosas, enquanto outros como Jullio Reis (Cazuza) e Bruno Montaleone (Marco de Maria) interpretam os amores marcantes da vida do artista .
Ney participou ativamente da produção: muitos detalhes e memórias reais foram mantidos. Ele revisou o roteiro e aprovou cenas que considerava emocionalmente verdadeiras, mesmo que cronologicamente livres.

Trilha Sonora Como Fio Narrativo
A música conduz o roteiro. Clássicos como Rosa de Hiroshima, Sangue Latino, O Vira, Não Existe Pecado ao Sul do Equador e Homem com H aparecem em performances que mesclam documentário e ficção. Todas as faixas são voz original de Ney, reforçando autenticidade .
Essas canções não apenas soam como trilha. Elas revelam dilemas, sentimentos e fases da vida de Ney. E num crescendo emocional, o filme ganha densidade e profundidade.
Contexto Histórico e Impacto Cultural
Homem com H não se limita a contar uma história pessoal. Ele também dialoga diretamente com o contexto da ditadura militar. Enquanto Ney desafia figuras de autoridade, seja o regime opressor, seja a figura paterna em casa, sua resistência transforma o filme num retrato potente do Brasil em transição: da repressão para a busca por liberdade.
Além de seu peso histórico, o longa se destaca por ecoar na cultura pop contemporânea graças à sua estética ousada, performances arrebatadoras e, sobretudo, à coragem de abordar temas delicados com sensibilidade. Hoje, mais do que um filme, ele se tornou catalisador de debates urgentes sobre gênero, sexualidade e, claro, o poder transformador da arte.
Uma Sessão Essencial Para Admiradores de Arte
Homem com H não é simplesmente mais uma cinebiografia convencional. Na verdade, é uma obra vibrante, sensorial e, acima de tudo, profundamente honesta. Ao retratar Ney Matogrosso, o filme explora não apenas sua complexidade emocional, mas também suas dores e conquistas, tudo isso com liberdade criativa e, principalmente, verdade emocional, sem jamais temperar a essência do artista.
Se, por um lado, você valoriza cinema autêntico, visceral e impactante, esse filme é obrigatório. Por outro lado, se busca inspiração para se reconectar com sua própria identidade ou mesmo coragem para celebrar sua singularidade, essa obra se torna ainda mais poderosa.
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